Como proteger sua empresa dos efeitos da inflação

Para quem viveu na época em que a inflação era um pesadelo, ver que o índice começa a subir um pouco já é motivo para preocupação. Anunciada ontem, a inflação de janeiro foi de 0,83%. É a maior taxa mensal desde abril de 2005. Pela previsão dos analistas, publicada no Boletim Focus, o índice oficial para o ano deve ficar em 5,66%. Bem acima da meta do governo, de 4,5%.

Segundo o professor de finanças do curso de Administração da ESPM, André Accorsi, as pequenas empresas são diretamente afetadas por esse movimento. “A inflação é uma redistribuição de renda. Com isso, perdem os segmentos menos organizados: os que vivem de salários e as pequenas empresas que têm um poder de pressão menor”, diz.

O aumento da inflação impacta os empresários de pequeno porte de duas maneiras principais: no estoque e na busca por crédito. “Se a gente tem uma inflação subindo, a cada dia que passa o estoque está se depreciando e a inflação, comendo aquele valor. Quanto maior for a inflação, maior deve ser o controle sobre o estoque”, explica Maurício Galhardo, sócio-diretor da Praxis Education.

A inflação em alta faz com que o Banco Central mexa na taxa de juros para conter o aumento. A taxa Selic aumenta e faz com que os bancos aumentem também as taxas de empréstimos para as empresas. “Nesse sentido, as empresas em geral acabam pagando mais caro. As pequenas levam desvantagem por não ter um poder de negociação”, esclarece Accorsi. Isso afeta, de cara, o capital de giro que o negócio precisa.

O problema talvez não leve as empresas à falência mas barra o crescimento. “Em geral, a pequenas empresas têm ideias excelentes e precisam de capital do banco. O negócio se mantém mas não consegue crescer. A inflação não é um bom sócio”, diz o professor da ESPM.

Como evitar problemas
Prestar atenção no estoque e no capital de giro é a recomendação dos especialistas para evitar que o inflação impacte no negócio. Galhardo calcula que o empresário pode ter de 3% a 5% de perdas por causa do aumento da inflação em 1%.

Fonte: Revista Exame